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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Maldição do Vale Negro


O NESP participou neste última sexta-feira da Semana Acadêmica da Feevale.
Após a apresentação dos acadêmicos de Teatro da UFRGS, A Maldição do Vale Negro, foram discutidos assuntos como:
  • Produção da "loucura através da sociedade";
  • Capitalismo;
  • Fragilidade humana;
  • Mecanismos de defesa.
O texto de Caio Fernando Abreu, conta a história sobre uma órfã criada num castelo, sob o rígido controle do tio, o velho Conde Maurício, e da governanta, ambos personagens que guardam um segredo que pode mudar a vida da garota. A jovem é seduzida pelo Marquês D'Allençon, credor da hipoteca do conde. Quando o tio descobre o relacionamento dos dois, expulsa a menina do castelo e lança as mais terríveis maldições sobre ela. No acampamento de ciganos onde é acolhida, a pobre órfã descobre seu passado e os segredos que envolvem o Vale Negro. Ambientada no século XIX, a ação dramática se passa em 1834 e utiliza características do gênero melodramático, como o sofrimento e o final feliz.

O debate iniciou-se com a fala do Psicólogo Psicanalista Leonardo Della Pasqua - Diretor da
Sociedade de Psicologia e das acadêmicas de Psicologia da Ulbra e do IPA, Ana Carolina Alifantis Cardoso - Coordenadora NESP e Lisiane Cardarelli - Secretária NESP.

Agradecemos o convite e aproveitamos para para parabenizar a equipe do Centro Acadêmico pelo sucesso da atividade!

Para maiores informações clique aqui.


Parabéns Lisiane!

Gostaríamos de parabenizar nossa colega, Lisiane Cardarelli, pelo sucesso de sua apresentação na Semana Acadêmica de Psicologia da ESADE!

Foram vinte minutos expondo o trabalho realizado pelo NESP, com o objetivo de prospectar alunos para a composição do Núcleo.

Lembramos que, para fazer parte da equipe, o aluno deve associar-se a
Sociedade de Psicologia e participar regularmente de nossos encontros semanais.

Para sabe mais sobre o NESP, clique aqui.



Corpos que vibram...


Texto: Luciane Xavier Branco - Acadêmica de Psicologia do IPA e Vice-Coordenadora do Núcleo de Estudantes da Sociedade de Psicologia

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Semana Acadêmica ESADE

A acadêmica de Psicologia do IPA e secretária do NESP, Lisiane Cardarelli, representará a SPRGS na Semana Acadêmica de Psicologia da ESADE, apresentando a SPRGS, relatando a sua experiência no Núcleo de Estudantes da Sociedade, o NESP.

Sucesso!!!

Como foi seu dia?

Sábados foram feitos para o repouso espiritual, à reflexão e o descanso, dizem algumas tradições. Para cousas edificantes, com e sem ironia, ousaria acrescentar eu, para quem eles são geralmente dedicados ao ócio e à decadência. Contrário ao habitual, porém, o último sábado foi o dia mais engrandecedor da semana, sem qualquer dúvida — e não só pela contundente vitória contra o despertador às 8h em um final de semana (embora seja um fato digno de nota).


Ocorre que, a convite da amiga Cristina Pretto, eu e o Emanuel Godinho, grata amizade que fiz nestes anos em Porto Alegre, fomos ao Núcleo de Estudantes de Psicologia do Rio Grande do Sul assistir à intervenção “Corpos que Vibram”, realizada por um grupo de estudantes de Psicologia (a Cris, inclusive) da Univates, centro universitário de Lajeado.

Chegamos ao NESP como estranhos no ninho (a la Jack Nicholson, quase) e aqueles dois sujeitos esquisitos — porque estudantes de Economia, em geral, são esquisitos — debatendo “economices” enquanto esperavam a peça começar certamente despertou curiosidade entre os psicólogos presentes no local. Tanto que, receptiva e simpaticamente, nos perguntaram “de onde vínhamos”, e pareciam felizes por pessoas de outra formação estarem lá, interessadas em seu mundo. A propósito, cabe frisar, há muito tempo não me sentia tão à vontade em um ambiente desconhecido. Hospitalidade genuína não se encontra em toda parte, afinal.

Mas, derivo.

Por um pequeno erro de interpretação do material de divulgação, pensei que a peça seria uma interpretação psicológica d’A Genealogia da Moral, de Nietzsche, o que seria bem interessante. Mas não era sobre isso. E nem importa: penso que foi precisamente por esse pequeno ato falho que a experiência mostrou-se ainda mais surpreendente, instigante e inspiradora.

Pois, quando começou a apresentação e fomos levados a uma sala e convidados a sentar no chão, como se meditar fôssemos, enquanto mensagens eram passadas em um telão e um balé exótico era realizado – sem que eu soubesse para onde era devido olhar, o que fazer, o que ouvir –, meu lado objetivo, racional, consciente, estava perturbado. As balas incentivando o paladar, os pequenos baldes com terra para estimular o tato, e todos os demais pequenos detalhes convidativos a uma exploração dos sentidos, fizeram-me lembrar mais de uma vez da peça No Vão da Escada, a que assisti no Hospital Psiquiátrico há tempos – seja pela experiência incomum, seja pelas reflexões e digressões sucedentes. Sensações inexprimíveis, em ambos os casos, enfim.

Após a inebriante viagem pelo inconsciente de cerca de meia hora, as pessoas presentes foram convidadas a dar seus comentários sobre a peça. Singular notar que inclusive os psicólogos tinham distintas interpretações a respeito de momentos particulares da peça, que dizia respeito, essencialmente, a seu próprio trabalho. O que, para mim (e para o Emanuel também, suponho), foi irrelevante no que se refere ao aproveitamento da teatralidade e introspecção: até mesmo nos momentos de evidente relação com o a atuação do psicanalista (por si só interessante), podia o leigo tecer seus próprios relacionamentos psicológico-filosóficos de acordo com suas vivências e campos de atuação. E, aliás, creio que um dos grandes méritos da composição seja justamente esse aspecto supradisciplinar da mesma.

Há muitos outros elogios a fazer ao grupo de estudantes (e à professora orientadora do trabalho). Afinal, imagino que a dedicação para que a apresentação se mostrasse tão densa e bem-executada não tenha sido pouca, além de ser incomum a iniciativa de criar uma peça teatral em um curso não-artístico e ter a coragem de se expor de tal maneira. E, por fim, é impossível não agradecer pela experiência subjetiva tão inabitual e cara para quem convive com fórmulas, modelos rígidos e axiomas.

Entre vídeos, mensagens, gravações, danças, gritos, tapas, o som do saxofone e uma única frase, incrivelmente significativa, não foram poucas as confusões à minha pretensa racionalidade. Pode parecer exagero, mas não é: as muitas reflexões, divagações e ideias inquietas decorrentes de toda essa experiência ainda não se sedimentaram. E, é muito provável, nem devam. De todo modo, foi um ótimo e intelectual dia — e em pleno sábado.


Texto de: Rafael Spengler - acadêmico de economia e participante da atividade do NESP.

NESP promove esquete teatral sobre a Loucura


A próxima atividade da série Psicologia em Construção, promovida pelo NESP, acontece no dia 4 de dezembro, às 10 horas.

Nesta atividade será apresentada a esquete teatral Monólogo da Loucura, uma peça de autor desconhecido e adaptada por Richard Assimos, Presidente do Centro Acadêmico de Psicologia da ULBRA Canoas.

A atividade terá a coordenação de Ana Carolina Alifantis Cardoso - Acadêmica de Psicologia e Coordenadora do Nesp.

Psicologia Transpessoal

Esta foi a edição da palestra sobre Psicologia Transpessoal, com Maria Cristina Monteiro de Barros e Lucio Fernando Garcia.



A técnica da psicoterapia partindo do seriado “Em Terapia – In Treatment”

No dia 11 de setembro, discutiu-se na sede da Sociedade de Psicologia a 'Técnica da psicoterapia partindo do seriado Em Terapia".

Debatedores: Leonardo Della Pasqua e Mônica Oliveira

In Treatment é um seriado americano dirigido por Rodrigo García, filho do escritor colombiano Gabriel García Márquez. A série televisiva é uma refilmagem da versão israelita Be’Tipul, criada por Hagai Levi. Em palestra no RomaFictionFest 2010, o criador do seriado conta que já existem 13 produções série sendo rodadas ao redor do mundo, desde simples transposições dos episódios para o idioma do país, até a verdadeiras adaptações culturais do roteiro, em relação a vida sócio-econômica-cultural dos personagens. Os episódios em Israel eram submetidos a supervisão de um reconhecido psicoterapeuta do país, que auxiliava na construção do roteiro.

Na série americana, Hagai Levi serviu de consultor, um produtor-executivo do programa. Os episódios duram em média a metade do tempo de uma sessão clássica de terapia, ou seja, 23-24 minutos. Esse tempo é também a metade do tempo de um episódio padrão dos seriados, que duram entre 40-45 minutos. A série se passa em um consultório de psicoterapia, onde o terapeuta Paul Weston (interpretado por Gabriel Byrne) atende seus pacientes. Cada dia da semana o psicoterapeuta de orientação psicanalítica atende um paciente diferente. Na Sexta-feira é o dia da supervisão-psicoterapia pessoal de Paul, com sua antiga terapeuta Gina, interpretada por Diane Wiest.

O consultório de Paul é uma peça de sua própria casa, uma espécie de santuário para ele, onde ninguém de sua família deve tomar parte. Paul é casado e tem 3 filhos: um filho e uma filha adolescente, além de uma menina pré-adolescente. Seu isolamento profissional dentro da própria casa acaba gerando uma crise conjugal que terminará em divórcio. Paul apresenta dificuldades transferenciais e contra-transferenciais com seus pacientes, o que influencia a sua prática clínica e sua vida pessoal.
A série tem duas temporadas e está sendo produzida a terceira temporada nos Estados Unidos – totalmente nova – já que o original israelense tem somente dois anos. Na palestra de Hagai Levi em Roma, ele ressalta que a série se transformou um sucesso somente após 2 ou 3 semanas de exibição, onde mais pessoas falavam do seriado do que os que realmente o assistiam. Isso teve uma grande repercussão em Israel, pois a procura por psicoterapia aumentou muito durante a exibição da série. Mais pessoas falavam de psicoterapia, mais pessoas resolveram procurar um psicoterapeuta.
Perguntado sobre o que pensava que Freud poderia dizer a respeito da série, Levi diz que o método de terapia apresentado é diferente do proposto por Freud, mas crê que ele ficaria satisfeito com o que estaria representado. O que é questionável, pois Freud nunca quis que a psicanálise fosse filmada, porque acreditava ser impossível representar fielmente o que se passa numa sala de análise. A série não apresenta exatamente o que ocorre em psicoterapia, pois as sessões reais de terapia não são um produto a ser vendido para a grande massa assistir. Nem tudo é interessante e chama a atenção. Hagai Levi sabe bem disso, afirmando que a série não é uma sessão de psicoterapia filmada, mas se aproxima significativamente, cometendo algumas distorções do método terapêutico.
É interessante pararmos para pensar sobre esse ponto: em 1926 Karl Abraham e Oliver Sachs, membros do grupo seleto de Freud, serviram de supervisores ao diretor alemão Georg Wilhelm Pabst, para a realização do filme Geheimnisse einer Seele - Os Mistérios da Alma. Freud jamais aprovou o projeto. Eram os anos do cinema mudo e o paciente era um sujeito com uma série de obsessões e compulsões. Os sonhos do paciente foram representados plasticamente, sem a presença da palavra, só com imagens. Nesses anos – anos do nascimento do surrealismo – Freud negou a André Breton a relação existente entre o surrealismo e a psicanálise. “Um Cão Andaluz”, de Luis Buñel e Salvador Dali é de 1929 e é inegável a relação existente entre os dois movimentos. Um procura representar o inconsciente, o outro – a Psicanálise – procura analisá-lo. O filme é mudo e apresenta elementos oníricos em sua forma mais pura, isto é, de forma visual, sem as palavras.
Qual a diferença do enquadre psicanalítico freudiano para o enquadre apresentado na série? Em primeiro lugar a freqüência semanal das sessões. Freud via os pacientes diariamente, descansando somente no Domingo. Paul Weston atende todos os pacientes, sem exceção, uma vez por semana. Além disso, a técnica utilizada por Paul apresenta elementos de outras escolas de terapia, como a humanístico-existencial, tão famosa nos Estados Unidos e difundida por autores célebres como Irvin D. Yalom. No método psicanalítico propriamente dito, o utilizo do divã é indicado. Porém análise e psicoterapia de orientação psicanalítica não são a mesma coisa. A análise implica em alta freqüência semanal de sessões e uma atenção à regra básica da psicanálise: a associação livre, o que transforma a comunicação entre analista e paciente diferente das formas cotidianas de comunicação. Apesar das semelhanças na técnica, a utilização das mesmas é diferente – assim como os resultados.
Outro aspecto importante a ser ressaltado na fala de Hagai Levi é sua preocupação com o rosto dos personagens. Conforme ele mesmo diz: “como nos episódios acontece pouca coisa de concreto, apenas uma pessoa sentada frente a outra, em uma sala de psicoterapia, eu precisava que o rosto dos personagens capturasse o espectador”. Já na psicoterapia, é o método de trabalho que “captura” o paciente, não o rosto carismático do terapeuta. Na análise propriamente dita ele é tirado de cena. Entram em ação o divã, a introspecção, a regressão. Lhe é possível utilizar produtivamente a própria neurose: a análise vai “ensinar-lhe” a se auto-analisar.

Os sonhos e sua interpretação são fundamentais neste ofício. Freud e sua auto-análise nos mostraram que o homem pode ser mais livre, desde que tenha motivação e interesse em se auto-conhecer, enfrentando e aprendendo com a própria experiência, não fugindo dela pelo medo da dor psíquica.





(ator que interpreta o terapeuta na série israelita. Clique na figura e assista o trailer de Be’Tipul)

A série serve para pensarmos alguns aspectos técnicos da psicoterapia, em seus acertos e em seus erros. No NESP – Núcleo de Estudantes da Sociedade de Psicologia estamos aprofundando o tema, discutindo aspectos clínicos e técnicos da psicoterapia. Participe você também.